A Região
Os Soutos da Lapa
Soutos da Lapa é a denominação feliz que se dá a uma ampla zona da Beira Transmontana e da região dúrio-beiroa onde as características de genuidade e excelência da Castanha Soutos da Lapa permitiram atribuir-lhe a classificação Denominação de Origem Protegida (DOP) Soutos da Lapa. (Diário da República, 2ª Série, nº29. de 4 /2/ 1994, pelo Despacho 37/94).
São dez os Municípios que integram este território de privilégio: Armamar, Tarouca, Tabuaço, S. João da Pesqueira, Moimenta da Beira, Sernancelhe, Penedono, Lamego, Aguiar da Beira, Trancoso. À data da constituição, os Soutos da Lapa contavam com 3 766 explorações agrícolas que ocupavam 2 925 hectares, acolhendo a área cerca de 203.838 castanheiros. As características definidas para as castanhas Soutos da Lapa remetem para a obtenção do produto das duas variedades – martaínha e longal - que se submeterão a determinadas normas de comercialização - calibre, classificação, acondicionamento e rotulagem.

É concelho antigo a que se ligam lendas do mouro Almançor com os cristãos e a fabulosa história da monstruosa Cabicanca que povoa um rico imaginário.
Dólmens como o de Carapito lembram o povoamento antigo de pastores e agricultores que aqui habitaram sempre. Concelho medievo com foral revela a singularidade da sua organização municipal através desse assombroso núcleo monumental da vila: A Torre quatrocentista que foi sinal de mando e guarda do seu Tombo, a Fonte, também do séc.XV, que abasteceu de água os habitantes e serviu, com seu terraço, de centro de reunião de homens-bons, e o Pelourinho manuelino, sinal de autonomia.
Termas, paisagem, património material e imaterial marcam a identidade de um município que procura, desenvolto, caminhos novos de fomento.

Grande parte do concelho é terra da Beira. Ali houve centeio, macieiras e ali há ainda os generosos soutos. Há também fecundíssima história. Goujoim, por exemplo, tem um castro e ficou ali um Marco Augustal, demarcação oficial de território romano, desde o tempo de Cláudio. E tem um Pelourinho medievo. Lumiares foi terra do trovador D. Abril Peres. Gogim tem o Solar dos Condes de Vila Flor e Alpedrinha. Na Vila a igreja, de raiz românica é Monumento Nacional.
Fontelo de S. Domingos tem um soberbo miradourosobre terras durienses e beiroas e a Capela do séc. XV mereceu a visita e os cuidados de D. Afonso V e D. João II que ali fizeram promessas garantindo descendência mercê do favor do Santo, como garantiam os deuses antes celebrados aos antigos crentes.

É cidade de tradição milenar, cruzamento de caminhos em todas as idades, foi passo importante no Caminho Português de Santiago. O Castelo, altaneiro e os panos de muralha lembram guerras antigas de mouros e cristãos e na poética das lendas paira sobre esse castelo a suave memória dos amores de Ardinga pelo cavaleiro D. Tedon. É terra fertilíssima e generosa como a descreveu no século XVI Rui Fernandes, como a louvou o seu poeta Fausto Guedes Teixeira.
Cabeça de Diocese governada por bispos singulares, carregada de templos notáveis - Balsemão, Almacave, a Catedral, Santa Cruz, que foi Convento, como a Chagas ou Ferreirim, foi sempre guardiã de fé cristã. A Senhora dos Remédios, a memória de Grão Vasco e de Nasoni, a cisterna medieva, os bairros da Ponte e do Castelo, fazem de toda a cidade um museu.

O seu nome deriva dos “monumenta”, mesmo que tenham sido as pedras cavadas de uma necrópole antiga a explicar este topónimo. Caria é um nicho riquíssimo de história, desde Roma, à mourama, ao Convento de S. Francisco.
O território do município assenta sobre esse amplo altiplano da Nave, celebrado por Aquilino Ribeiro, pela densidade das antas lá espalhadas. E desce depois para terras baixas, de boa agricultura, encostadas ao rio Távora. Belíssimo o Terreiro das Freiras com o seu Convento e a Casa das Guedes. Na Soutosa a Casa - Museu evoca a figura de Aquilino Ribeiro homenageado ainda, na titularidade da sua Biblioteca Municipal.
Tem a memória de figuras emblemáticas como Monsenhor Bento da Guia e Luis Veiga Leitão.

Vêm do Neolítico as suas antas. Foi atalaia medieva que D. Flâmula deu a Mumadona, teve foral de Sancho I que D. Manuel confirmou (1512). Teve igrejas de românico traçado que o tempo adaptou. O castelo é um formoso monumento do séc. XIV, talvez de D. Vasco Fernades Coutinho.
Tem Pelourinho manuelino. E a Casa dos Freixos, levantada no séc. XVII a partir de morada dos Coutinhos. Os feitos lendários do Magriço povoam o seu poderoso imaginário. Linhos e esteiras ainda são produto artesanal de valia.
Tem as festas de S. Pedro e Santa Eufêmia. Entre a Beira e o Douro tirou do vinho e do pão sua riqueza. A Serra do Cirigo é uma espécie de fronteira entre a Terra Quente duriense e a Terra Fria da Beira Transmontana.

É terra duriense por natureza, a quem a Beira empresta terras altas onde medram castanheiros.
É terra antiga que recebeu cinco forais, vindo o primeiro do Rei Fernando, o Magno. A história corre toda a vila com a traça de ruas desembocando na Praça da República onde se evoca a Idade Média na Torre sobre o Arco e os tempos mais modernos no Solar dos Távoras, na Igreja joanina da Misericórdia. Mais longe, na elegância da Casa do Cabo. Lugar de fantasia, de lenda, de lembrança de cultos antigos é o Ermo onde os deuses velhos deram lugar ao culto do Salvador do Mundo nas capelinhas levantadas por eremita cristão. Paredes da Beira, “vila de Sete Torres”, povoa-se de memórias, tal e qual como Trevões com a igreja e seus palácios.

Vinda dos tempos castrejos, marginada por estrada romana, foi castelo medievo de Mumadona (séc. X), foi caminho dos primeiros reis e Estrada de Santiago. Teve foral antigo (1124) e foral manuelino (1514). Tem património arquitetónico notável: ruínas de castelo e de muralhas, Igreja medieva singular (1172), Pelourinho (1554), Casa da Comenda de Malta (séc. XVII), Solar dos Carvalhos (séc. XVIII). É notável a dimensão histórica das suas freguesias. A Lapa é centro nacional de devoção mariana. Aquilino Ribeiro, no Panteão Nacional, é figura cimeira das letras. Terra de granito e de castanha, valoriza estes produtos endógenos nos aspetos económicos e culturais. A Festa da Castanha, O Simpósio da Pedra, o Festival Internacional de Guitarra, e a Feira Aquiliniana são projetos de elevado significado.

Uma vasta dobra do concelho, a Sul e a Poente, é beiroa, terra de granito, pinheiral e soutos de castanha fazendo a riqueza de alguns chãos. Do outro lado é duriense, com aldeias vinhateiras, quintas, olivais. É terra de povoamento antigo. Tem o Castro do Sabroso, as pedras “escritas” de Pinheiros, os “castelos” de Cabriz, pelourinhos, o românico da matriz de Barcos e da capela de Santa Maria do Sabroso e a jóia arquitetónica de S. Pedro das Águias, a monumental igreja de Sendim que foi da Universidade de Coimbra, moradias solarengas na Granja do Tedo. E tem a saborosa e romântica lenda de D. Tedon e de Ardinga, sua enamorada e a memória mais recente do escritor Abel Botelho.
Tem gente operosa que trilha caminhos novos de cidadania e de desenvolvimento económico e social.

Tarouca é terra de fertilidade extrema. Fica entre a Beira e o Douro, mas é mais beiroa no caráter do seu chão. Foi paraíso de monges brancos que a escolheram e nela se abrigaram em Salzedas, no tempo de Teresa Afonso, mulher de Egas Moniz e S. João de Tarouca, no tempo do primeiro Rei. Tem paisagens de cativante beleza: A serra de Santa Helena e o Vale
Encantado carregado de verdura, de sabugueiros e de património, como a Ponte da Ucanha com sua Torre, a igreja matriz da vila e as demais igrejas das aldeias. Tem a memória de homens singulares, como o Conde D. Pedro, sábio e generoso, como José Leite de Vasconcelos, arqueólogo e homem de letras, como Almeida Fernandes, obreiro de singular corpo de história. Sobre sólida economia de matriz agrícola, industrial e a pecuária assenta o renovo urbano palpável e a qualidade de vida de seus muitos habitantes.

A sua posição estratégica fez de Trancoso uma das mais importantes vilas medievais. Lugar do casamento de D. Dinis e Isabel de Aragão, teve feira franca anual, modelo de outras feiras, albergou importante colónia judaica e foi palco de importantes episódios da história de Portugal: Batalha de S. Marcos (1385), Restauração (1640), Guerra da Sucessão (1704), Invasões Francesas (1807 e 1810), Revolução de 1820. Foi pátria de Gonçalo V. Coutinho, Do Bandarra e do médico judeu F. Isaac Cardoso.
Castelo e cerca muralhada, pelourinho, Igreja de Santa Maria, Capela da Srª da Fresta e tantos mais monumentos espalhados pelo concelho são jóias arquitetónicas do seu património em franca valorização. Elevada à categoria de cidade oferece um singular desenvolvimento económico e social que vai de par com o crescimento urbano e a qualidade de vida da sua gente.